quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Perito vaticano explica postura do Papa sobre preservativos

Kelen Galvan
Da Redação, com ACI Digital


"Por que ser contra a Camisinha? R=´Além de que o uso de preservativos não é 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana... O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo... O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o fundamental´ (PR, nº 429/1998, pag.80). /A Igreja não está impedindo o combate à AIDS, pelo fato de não concordar com o uso da camisinha. Como disse o padre Lino Ciccone, professor de Teologia Moral e Bioética na Faculdade Teológica de Lugano, na Itália: ´Não se faça caridade jamais às custas da verdade, nem se imponha a verdade voltando as costas à caridade´./ ´O tamanho do vírus HIV da AIDS é 450 vezes menor que o espermatozóide. Estes pequenos vírus podem passar entre os poros do látex tão facilmente em um bom preservativo como em um defeituoso´ (Richard Smith, The Condom: Is it really safe saxe?, Public Education Commitee, Seattle, EUA, junho de 1991, p.1´3)"

Padre Carlos Simón com o Papa Bento XVI
O Sub-secretário do Pontifício Conselho para a Família, padre Carlos Simón, explicou que "não há nenhuma novidade" na postura do Papa Bento XVI sobre os preservativos, no novo livro-entrevista "Luz do Mundo" do jornalista alemão Peter Seewald, apresentado nesta terça-feira, 23, no Vaticano.

Em entrevista ao jornal espanhol La Razón, padre Simón, médico e sacerdote, recordou que o Santo Padre já explicou na sua viagem à África, em 2009, que a postura da Igreja sobre a luta contra a AIDS se fundamenta na promoção da abstinência e da fidelidade; e destacou que nas declarações do Papa a Seewald "não há nenhuma novidade".

"O Papa disse naquela viagem [à África] que na luta contra a AIDS a estratégia da Igreja era a abstinência, a fidelidade e a camisinha. As duas primeiras são formas de lutar contra a AIDS, como assinala o Papa, no contexto da educação e da não-banalização da sexualidade. Como última via escapatória está o preservativo, nos casos onde as outras duas opções não se puderam desenvolver", explicou.

Do mesmo modo, considerou que "deve-se distinguir quando o Pontífice diz algo de modo coloquial do que quando ele o faz de maneira pedagógica ou em uma expressão de toda sua autoridade, como em uma encíclica. Não há contradição neste assunto".

"O que concretamente disse o Papa neste livro é que nos casos em que nem a abstinência nem a fidelidade puderam ser seguidas - que é a via pela qual aposta a Igreja -, existe esta última opção. Uma pessoa pode fazer uso do preservativo de forma responsável para não contagiar nem produzir um mal que danifique a vida".

Preservativos e a Tradição moral da Igreja

Padre Simón sublinhou que as declarações do Papa entram dentro da tradição da teologia moral da Igreja. "Para esta, o ato sexual se entende dentro do contexto de uma relação conjugal. Aí é onde se aplica a moralidade. Todo ato fora do matrimônio a Igreja o rechaça como algo desordenadamente grave. Entramos, em um campo da saúde, trata-se de um terreno onde há um possível contágio".

O sacerdote esclareceu que o pecado é ter relações sexuais fora do matrimônio e "o preservativo então é um mal menor que evita um possível contágio. Nos casos onde não haja este perigo, [o uso de preservativos] é uma desfiguração de uma relação já alterada, porque não esqueçamos que se trata de um anticoncepcional".

Para a Igreja, explicou, "os atos sexuais devem acontecer entre dois cônjuges e, portanto, quando se realizam fora do matrimônio têm uma desordem intrínseca".

"O que o Papa disse é que em alguns casos - nos que há um risco seguro de contágio - então está justificado o preservativo. Vejo a novidade no aspecto terminológico, não na idéia nem no contexto. O Papa não revolucionou nenhum ensino da Igreja. Assinala que não se deve banalizar a sexualidade. No caso de onde já se produziu uma desordem - que para a Igreja é algo grave -, deve-se procurar que não haja um mal ainda mais intenso".

Padre Simón ressaltou que a Igreja não vai promover o uso do preservativo na luta contra a AIDS - quando a abstinência e a fidelidade falham. E recordou que "a Igreja segue o que o Papa diz quando afirma que se deve integrar a sexualidade na esfera do amor e da entrega. Bento XVI é um grande pensador e está preocupado em conseguir que haja uma harmonia no homem. A Igreja deve insistir nesta via, que é a mais difícil mas faz do homem um ser autêntico, não banal".

"A Igreja seguirá resistindo às pressões daqueles que pedem distribuição dos preservativos. Existem inúmeros dados científicos que assinalam que a receita da abstinência e da fidelidade e, só em terceiro lugar, o preservativo, conseguiram objetivos muito positivos na luta contra a AIDS", acrescentou.
(Fonte - Canção Nova)

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