domingo, 20 de fevereiro de 2011

Texto de Santa Catarina -" A sede de almas nos pastores"

SANTA CATARINA DE SENA - CARTA 16
A sede de almas nos pastores

Para um importante prelado

1. Saudação e objetivo
Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, reverendo e caríssimo pai [1] no Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo crucificado, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver sedento da salvação das almas para a glória de Deus.

2. A sede das almas em Jesus
O primeiro mestre neste assunto é Jesus Cristo, que por sua sede da nossa salvação morreu na cruz. Nisto, o Cordeiro imaculado parece insaciável. Saturado de dores, clamou na cruz: "Tenho sede" (Jo. 19,28). Sem dúvida ele estava com sede corporalmente, mas bem maior era sua sede da salvação das almas. Ó inestimável caridade! Embora sofrendo muito, até parece que não sofres o suficiente; parece que não esgotas o desejo que tens de padecer. E de tudo, o impulso vem do amor! Já não me maravilho disso, pois teu amor era infinito, ao passo que a dor era finita. Eis por que o desejo de sofrer superava o martírio do corpo.

3. Instruções de Jesus a Catarina
Recordo-me que certa vez o bom Jesus instruiu uma sua serva sobre esse assunto. [2] Vendo ela os sofrimentos físicos de Jesus e seu desejo de padecer, perguntou: "Bom Jesus, qual foi o teu sofrimento maior: a dor corporal ou a dor do desejo?" Jesus lhe respondeu: "Milha filha, digo-te e não duvides: é impossível comparar o finito com o infinito. Meu sofrimento físico foi finito, mas o desejo de sofrer não tinha limites. Carreguei também a cruz do desejo santo. Lembras-te de que um dia te fiz ver meu nascimento? Enxergavas uma criancinha, nascida com uma cruz no peito! Afirmo-te: logo que fui semeado no ventre de Maria como semente encarnada, iniciou-se meu desejo de cumprir a vontade do Pai para o bem da humanidade. Isto é: eu desejava que a humanidade recuperasse a graça divina e atingisse a finalidade para a qual fora criada. O sofrimento desse desejo era maior que todo outro que padeci durante a vida. Meu espírito alegrou-se, pois, quando me vi conduzido à paixão, especialmente na hora da Ceia na quinta-feira santa. Na ocasião eu disse: com desejo desejei fazer esta Páscoa (Lc. 22, 15), quer dizer: desejei muito oferecer ao Pai meu corpo em sacrifício. Senti uma grande alegria e grande consolação quando vi chegar o momento de tomar a cruz esperada. Quanto mais eu sentia aproximarem-se o flagelo e os tormentos físicos, mais diminuía minha pena. A dor corporal expulsava a dor do desejo, pois eu via realizado o que esperava".

A serva lhe perguntou: "Senhor, tu dizes que na cruz cessou o sofrimento do teu desejo. De que modo? Então, agora já não me queres?". O Senhor lhe respondeu: "Não, minha doce filha! Quando morri na cruz, terminou com a vida a dor do desejo; mas não cessaram o meu desejo e a minha sede da vossa salvação. Se houvesse acabado o amor que tive e tenho pela humanidade, vós nem existiríeis mais. Foi meu amor que vos tirou do seio do Pai, quando vos criou na sua sabedoria; esse mesmo amor vos conserva em vida; vós nada mais sois que fruto do amor. Se o Pai retirasse seu amor, dado no poder e na sabedoria, voltaríeis ao nada. Eu, Filho unigênito do Pai, sou um aqueduto que vos traz a agua da graça. Eu manifesto o amor do Pai. De fato, o que o Pai possui, eu também possuo, pois sou um com o Pai e o Pai um comigo. Por meio de mim o Pai se revela. Por isso afirmei: o que recebi do Pai, eu vos comuniquei. A razão de tudo é o amor".

Bem vedes, reverendo pai! Jesus, que é amor, morre de sede e fome da nossa salvação. Por amor a Cristo crucificado, peço que mediteis sobre tal sede do Cordeiro. Minha alma gostaria de vos ver morrendo de desejo santo, ou seja, tudo fazendo com amor pela glória de Deus e a salvação das almas, pela exaltação da santa Igreja.

Gostaria de vos ver crescendo em tal sede e por causa dela morrendo, como fez Jesus. Que morressem a vontade pessoal e o amor sensível. Que morrêsseis às honras, satisfações sociais e todo tipo de grandeza humana. Tenho certeza de que, se olhardes para o vosso íntimo, compreendereis que nada sois; entendereis que tudo vos foi dado por Deus numa grande chama de amor; vosso coração não oporia resistência ao ímpeto da caridade, mas eliminaria, todo amor próprio, não procuraria o que é útil à própria pessoa. Vós amaríeis a Deus por ele mesmo e também amaríeis o próximo, não por interesses pessoais, mas a fim de promover sua salvação eterna e a glória divina. Deus ama demais a humanidade. Também os servos de Deus devem amá-la, imitando o Criador. É condição da amizade que eu ame tudo aquilo que meu amigo ama. E os servos querem bem a Deus, não por interesse pessoal, mas porque Deus, bondade infinita, merece ser amado.

4. O exemplo de Paulo apóstolo
De fato, pai, os servos de Deus como que se esquecem da própria vida. Não pensam em si mesmos. Desejam sofrimentos, dificuldades, torturas, injúrias. Desprezam as dificuldades do mundo. A maior cruz e a maior dor, para eles, é ver Deus ofendido e as almas que se condenam. Por isso, deixam no esquecimento as preocupações pessoais. Não evitam as dificuldades, até as procuram e alegram-se com elas. Pensam no apóstolo Paulo, que se gloriava nos sofrimentos por amor a Cristo crucificado (Rm. 5, 3). Pois bem, quero que vós os imiteis.

5. Triste situação na hierarquia
Ai de mim, ai de mim! Como é infeliz a minha alma! Olhai e vede a realidade que caiu sobre o mundo, especialmente sobre a hierarquia da Igreja. Ai de mim! Explodem nossos corações e nossas almas ao perceber tanta ofensa feita a Deus. Vede, pai, o lobo infernal leva consigo pessoas que vivem na hierarquia da santa Igreja, e ninguém procura libertá-las. Dormem os pastores, cuidando de si mesmos na ganância e na impureza. Dormem ébrios de orgulho, sem notar que o lobo infernal, o diabo, lhes retira a graça, bem como aos seus súditos. Dessas coisas, pouco se preocupam. Tudo lhes serve de ocasião para a maldade e o egoísmo. Como é prejudicial o egoísmo nos prelados e nos súditos! Nos prelados, porque não corrigem os defeitos dos súditos. De fato, quem vive no egoísmo ama a si mesmo e nada corrige nos outros. Mas quem ama a si mesmo em Deus, foge do amor interesseiro, denuncia corajosamente os defeitos nos súditos, nunca se cala ou finge não ver.

6. Maldito o pastor que se cala. Conclusão
De semelhante amor desejo vos ver livre, querido pai. Rogo-vos não vos comporteis assim, a fim de que, não se aplique a vós aquela dura palavra divina: "Maldito sejas, porque te calaste". Ai de mim! Calar, jamais! Gritai em cem mil línguas! Vejo que, por ter alguém calado, o mundo se arruinou e a santa Igreja encontra-se sem cor, sem sangue nas veias. Quero dizer: sem o sangue de Cristo, derramado por nós gratuitamente, sem mérito algum nosso. Devido ao orgulho, os pastores roubam a Deus a honra, atribuindo-a a si mesmos. Rouba-se por simonia com a venda de dons espirituais, a nós concedidos gratuitamente pelos méritos do sangue de Cristo. Ai de mim, morro e não consigo morrer! Não durmais por negligência. Aproveitai o tempo presente quanto possível. Outros tempos virão, acredito, em que podereis fazer outras coisas. Convido-vos ao tempo atual. Afastai da alma todo egoísmo, revesti-a com a sede de almas e com verdadeiras virtudes, para a glória divina e a salvação das almas. Fortalecei-vos no amor de Cristo. Logo veremos aparecer as flores. Esforçai-vos para que logo se erga o estandarte da Cruzada. [3] Que o vosso coração não se esfrie diante de nenhuma dificuldade emergente. Fortalecei-vos pensando que Jesus crucificado realizará os inflamados desejos dos seus servidores.

Nada mais digo. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Afogai-vos no sangue de Cristo, pregai-vos na cruz com ele, banhai-vos no seu sangue. Pai, perdoai minha presunção. Jesus doce, Jesus amor.

[1]: Pedro Cardeal d'Estaing, criado cardeal e nomeado legado pontifício pelo Papa Gregório XI (1370-1378), que residia em Avinhão, para governar o patrimônio de São Pedro na Itália.
[2]: A serva de que fala o texto e a própria Catarina, que conta ao prelado um diálogo com Jesus no tempo da sua juventude.
[3]: Em 1375 o papa Gregório XI (1370-1378) promulgou uma bula em favor de uma Cruzada para libertar os Lugares santos da Palestina. Catarina tornou-se grande estimuladora da idéia.

Santa Catarina de Sena. Cartas Completas. São Paulo: Paulus, 2005. Ps. 54-57.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os três conselhos

Um casal de jovens recém-casados, muito pobre, vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
- Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, mas só te peço uma coisa: que você me espere e, enquanto eu estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.
Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito. O rapaz pediu o seguinte:
- Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e, quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Eu não quero receber o meu salário agora. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.
Tudo combinado, o jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e sem descanso. Depois, chegou para o patrão e disse:
- Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.
O patrão então lhe respondeu:
- Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta: eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou então lhe dou três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos, se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
- Quero os três conselhos.
O patrão novamente frisou:
- Se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
- Quero os conselhos.
O patrão então lhe falou:
- Conselho 1: "NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida.
Conselho 2: NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal.
-Conselho 3: NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
- Aqui você tem três pães: dois para comer durante a viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar à sua casa.
O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que tanto amava. Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou:
- Para onde você vai?
Ele respondeu:
- Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada.
O andarilho disse-lhe então:
- Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, você chega em poucos dias.
O rapaz, contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou do primeiro conselho. Então, voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois, soube que o atalho levava a uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão à beira da estrada, onde pôde hospedar-se. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou- se e dormiu. Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem perguntou-lhe se ele não havia ouvido um grito, e ele disse que sim. E o hospedeiro:
- E você não ficou curioso?
Ele disse que não. No que o hospedeiro respondeu:
- Você é o primeiro hóspede a sair daqui com vida, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e, quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
Depois disso, o rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar à sua casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela retinha entre as pernas um homem a quem acariciava os cabelos. Quando viu a cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e matá-los. Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir ali mesmo naquela noite, e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, disse:
- Não vou matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que, antes, quero dizer à minha esposa que eu sempre lhe fui fiel.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abriu a porta, reconheceu-o imediatamente, atirou-se em seu pescoço e abraçou-o afetuosamente. Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu. Então, com as lágrimas nos olhos, disse-lhe:
- Eu fui fiel a você e você me traiu...
Ela, espantada, respondeu:
- Como? Eu nunca lhe traí, esperei durante esses vintes anos.
Ele então lhe perguntou:
- E aquele homem que você estava acariciando ontem, ao entardecer?
Ela lhe respondeu:
- Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos.
Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o seu café. Sentaram-se para comer juntos o último pão. Ele então parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro - o pagamento por seus vinte anos de dedicação!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Santidade é ter as atitudes de Jesus


O desejo de santidade é somente seu

O que é a santidade? Santidade é ter a face de Cristo, as atitudes d’Ele, temperamento, desejo, entre outros. Santidade é presença de Jesus em nossa vida.
A santidade parte de Deus e só podemos ser santos n'Ele. A sua história pessoal e tudo aquilo que Deus tem e quer fazer na sua vida é um momento único que vai exigir de você obediência..
O que você deseja é que o seu coração seja cheio do Espírito Santo; você deseja dar a Deus a santidade da sua vida, com o seu “sim”, com uma resposta concreta de amor. No entanto, essa atitude custa vida, experiência do dia-a-dia, sacrifício e, principalmente, não se esconder atrás de uma devoção, pois muitos se escondem atrás de uma devoção que não leva ninguém a lugar nenhum, por exemplo, quando vocês vão visitar santuários como simples turistas. 
Só Jesus Cristo é santo. É a santidade d'Ele que atravessa o tempo e a história e entra na vida de cada um. É ela que faz de nós homens e mulheres santos. Sem o Senhor, ninguém é santo, ninguém é forte, ninguém é nada. Por essa razão, você tem de crer que o Senhor é capaz de fazer de você um homem e uma mulher santos. Saia da ignorância, acredite que Deus pode mudar a sua vida e levá-lo a uma vida de santidade.
No mundo atual – onde tudo é rodeado pelo capital e pelo dinheiro – precisamos dar um testemunho diferente e mostrar a ele que a nossa devoção nos leva à santidade e não somente a um aproveitamento financeiro da devoção. 
A Igreja precisa de santos e santas hoje, agora. Para sermos santos e santas, neste momento presente, é preciso um amor extraordinário por Jesus, um amor que tenha a coragem de lutar contra todas as estruturas de pecado. Não há santidade sem liberdade! Ela não pode ser vivida sem o ato de ser profeta, que exige anúncio e denúncia; ela não pode ser vivida sem luta contra todas essas estruturas que abalam a Igreja. 
Santidade é luta pessoal, pois só você pode ter a certeza interior de que a busca defendendo a verdade que está na Igreja, com amor esponsal consumindo-se pela Igreja de Cristo, mesmo que isso lhe cause perseguição. 
Ser santo não é somente imitar Jesus, mas é ser Jesus, é vivê-Lo. Não dá para ser santo vivendo como todos vivem, aplaudindo tudo, vivendo de acordo com o sistema deste mundo. É preciso ir na contramão. Embora isso custe vida e sacrifício – é o jeito que o Senhor deseja que vivamos. Você não pode ficar na hipocrisia de uma vida falsa. 
A santidade precisa dar ao mundo um sinal de contradição, e dizer sempre que o “sim” é “sim” e que o “não” é “não”. Precisa ser uma mudança interna do nosso interior, uma mudança de “ossos” como diz São Paulo. Não se esconda atrás do túmulo dos santos, vá aos santuários buscando ser santo. A luta é sua, a dor, as lágrimas são suas, o ardente desejo de santidade é somente seu. 
Que Jesus não seja somente uma lembrança. Você não é uma “ovelha perdida”, pois tem um Pastor. O Senhor nos diz que esse mundo nos odiará, mas é tudo pela santidade. 
Padre Roberto Lettieri é fundador da Fraternidade Toca de Assis, que tem como principal carisma a adoração ao Santíssimo Sacramento e o acolhimento aos mais necessitados. Prega diversos encontros e retiros por todo o Brasil. 

Padre Roberto Lettieri
Comunidade Toca de Assis

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Comunicado

 Olá amados (as) irmãos (ãs) em Cristo Jesus,

É com muita alegria que venho comunicar-vos que estarei ajudando o Thiago na moderação do blog. Que tudo seja para honra e glória de Jesus!

Permaneçam com Deus!

Renan Costa
 Sim, é tão sublime - unanimemente o proclamamos - o mistério da bondade divina: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na glória! (I Tm. 2.16)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Liturgia e o "protestantismo" tradicionalista.

  Graça e paz da parte de Cristo!

Caros leitores do Blog Amado Salvador, durante a sempre bela homilia da Missa do Rito Gregoriano na Igreja de São do Tauape, o termo "protestantismo tradicionalista" me chamou atenção, fiz uma pesquisa e encontrei esse otimo texto, retirado do blog http://www.salvemaliturgia.com/2011/02/liturgia-e-o-protestantismo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+salvem+%28Salvem+a+Liturgia!%29

Precisa ficar claro que muitos se "acham" acima do Papa e donos da Tradição que pertence a Santa Igreja. Tradição, escrituras e magistério são o pilares da fé Católica e os três devem ser vividos, tradição sem magistério (como muitos fazem) ocasiona o que o texto chama justamente de "protestantismo tradicionalista".

Devemos sim amar a tradição e apreciar a profunda liturgia do rito gregoriano, porém devemos seguir o vigário  de Cristo na terra. Com certeza muitos colegas vão acha ruim esse trabalho, porém ele é de um riqueza e de uma verdade. 

Leiam atenciosamente.

Liturgia e o “protestantismo” tradicionalista


Andrea Tornielli
Vaticanista do Il Giornale,
Trad. e Adapt. Frei Cleiton Robson, OFMConv.


Caros amigos, ao renovar meus votos de um Feliz Natal, digo que no Giornale de ontem (24/12/10), publiquei uma extensa entrevista com o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, o Cardeal Antonio Cañizares Llovera . Aqui está o texto completo. O Cardeal - depois de ter denunciado a pressa com que foi feita a reforma pós-conciliar - explica o que a Congregação está fazendo para dar vida a um novo movimento litúrgico que faça recuperar a sacralidade ao rito de acordo com as instruções da Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II. Cañizares antecipou algumas das iniciativas do dicastério que resguardam a formação, a catequese, a pregação, a arte e a música sacra.

Li com interesse alguns comentários em outros blogs que já tomaram a entrevista de ontem (refiro-me a paparatzinger blogs e ao blog messainlatino) e gostaria de fazer aqui algumas observações sobre a liturgia, mas também, em geral, à atitude contra o Concílio Vaticano II, também no debate suscitado pelo livro O Concílio Vaticano II: Uma história jamais escrita (Lindau), publicada recentemente pelo historiador Roberto de Mattei.

Para começar eu digo que não gosto de usar o adjetivo “tradicionalista”, assim como não gosto daqueles que seguem o rito antigo (na minha opinião, equivocadamente, chamado de “a missa de sempre”, como se eu, que sigo o rito pós-conciliar, fosse a uma “missa de nunca”) seja definido como “modernista”.

Espanta-me, antes de tudo que, frente aos gestos de Bento XVI, voltados a recuperar a sacralidade do rito católico, houve grandes concessões importantes, dentre elas o Motu Proprio Summorum Pontificum que, ao invés de favorecer a reconciliação defendida pelo Papa, segundo aquela hermenêutica “da reforma, da renovação na continuidade” (não vamos esquecer: não só “na continuidade”, mas também “da reforma”), vê-se, às vezes, que são atitudes consolidadas pela rigidez. Caros amigos, eu não posso suportar a banalização da liturgia, a criatividade que reduz o rito à obra de nossas mãos; a ausência do silêncio; a música que não tem nada a ver com a Missa, etc. etc.

Mas devo acrescentar: temos honestamente que admitir que esta, na verdade, não é a regra em todos os lugares. É certo que, em relação há alguns anos ou décadas, os abusos diminuíram drasticamente; e existem diferenças consideráveis de país para país. É por isso que estou surpreso, pois, no fundo, as palavras do Cardeal Cañizares, intérprete sincero e verdadeiro de Bento XVI, são consideradas como expressões de fraqueza, pelo fato de que ele - a pedido do Papa - está trabalhando para suscitar um movimento litúrgico novo e forte.

Esclareçamos tudo: muitos (ou alguns, ou poucos, julguem vocês mesmos) tradicionalistas não gostam da hermenêutica da continuidade de Bento XVI, porque, no fundo, acreditam que o Concílio deveria ter sido abolido. Eles acreditam que a reforma litúrgica deveria ser abolida, como um todo. Eles chegam a dizer que Roma deve reconciliar-se com a Tradição. Mas qual Tradição? Aquela fixada por eles. A Tradição está sempre vivendo, e assim como o cristianismo, é um evento que constitutivamente entra na história - que Deus se fez carne, morreu na cruz por nossos pecados e ressuscita, abrindo as portas do Paraíso e prometendo um cêntuplo já aqui. A Igreja se atualiza, vive os desafios do tempo. Procura apresentar, de modo adequado, as verdades de sempre.

Temo que certo tradicionalismo possa deslizar para o seu exato oposto, o protestantismo. Ou melhor, o galicanismo. Quem dá o direito a este ou aquele tradicionalista de dizer: esta é a Tradição, Roma está errando? Quem dá a autoridade para decidir? O tradicionalismo não é o Magistério. Quem dá o direito de, às vezes, lançar ao mar, com escárnio e desprezo, o Concílio Vaticano II? Talvez o apelo à autoridade do arcebispo Marcel Lefebvre (que a sua alma descanse em paz), agora apresentado em uma hagiografia, como um santo da Igreja?!

Quem permite a muitos tradicionalistas – baseando-se no fato de que o Vaticano II não proclamou dogmas novos – de declarar o Concílio como “pastoral” e, portanto, irrelevante e não segui-lo? Os 95% do Magistério não é dogmático, mas ordinário. E então - digo isto sem intenção polêmica - como se pode realmente acreditar que o Papa legitimamente eleito, a quem Jesus assegurou o poder das Chaves e da assistência especial do Espírito Santo, com todos os bispos que votaram quase por unanimidade os documentos do Vaticano II (Lefebvre incluído), juntos em Concílio, possam ter errado?

Estar com Pedro e pelos bispos em comunhão com ele significa ser católico. Caso contrário, eu poderia dizer que considero Pio X um modernista (quantas reformas ele fez, e se eu não gosto nem as considero inadequadas aos tempos e que não estão em consonância com a doutrina litúrgica de Gregório XVI e Leão Magno?), e que quero me firmar no Vaticano I e em Pio IX ... Outro pode dizer que não aceita o Vaticano I e o dogma da infalibilidade papal (que é um inegável desenvolvimento da Tradição, e que não é aceito pelos ortodoxos). Outro pode dizer que o único ponto firme é o Concílio de Trento, enquanto outro ainda pode tentar provar que o rito moçárabe celebrado em Toledo não é católico...

Este é o “protestantismo” tradicionalista, porque se as posições de Dom Lefebvre, deste ou daquele teólogo, algumas teorias do leigo brasileiro Plínio Corrêa de Oliveira (que são objetos, dentre os muitos que se voltam para o seu pensamento, com diversas interpretações), ou as opiniões de qualquer respeitabilíssimo bispo ultra-conservador sejam enfatizadas e terminem por se tornarem o único critério para julgar a Sé Apostólica e por afirmar, em substância, as suas próprias opiniões sobre a Tradição e a “Missa de sempre”, na minha humilde opinião, há algo errado. É, na verdade, uma oposição, mas perfeitamente semelhante à de um certo progressismo, que apresenta o Concílio como um elemento de ruptura total com o passado. Isto é uma leitura antitética à de Bento XVI.

E então, permitam-me dizer que não é possível lançar apelos contínuos ao Papa para explicar, para esclarecer o Concílio; e depois fingir que não se leu e que não foi possível ver quando ele ou a Congregação para a Doutrina da Fé, ou outros departamentos da Cúria Romana o fizeram, dando a hermenêutica adequada com relação a certas distorções devidas não ao Concílio e seus textos, mas às opiniões do pós-Concílio. Isso aconteceu até com o discurso de Bento XVI à Cúria Romana em 2005 (onde o Papa admiravelmente abordou a questão da liberdade de religião, também se reflete na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, em Janeiro de 2011), com a Dominus Iesus sobre a singularidade da salvação de Cristo, com o esclarecimento sobre o “subsiste in”.

A Igreja é maior do que as nossas opiniões, o Magistério do Papa deve ser seguido mesmo quando o Pontífice não fala “ex cathedra”, o que acontece na grande maioria das vezes. O católico sabe que a Igreja Católica não é obra de nossas mãos, sabemos que fomos chamados por Alguém. Ele sabe que Jesus, a verdadeira rocha sobre a qual a Igreja estabeleceu a autoridade do seu Vigário – um pobre vigário de Cristo, como dito em palavras inesquecível João Paulo I – é tão frágil como todos, mas especialmente assistido pelo Espírito Santo.

Se olhássemos assim para o Papa, talvez poderíamos usar outras palavras para descrever o que ele faz e o que nos pede. Talvez estaríamos prontos para debatermos, porque o que nos poupa não é a nossa ideia de Tradição, mas o estarmos unidos a Cristo na sua Igreja, sob a guia do Seu Vigário e dos bispos em comunhão com ele. Para isso, dizia o Cardeal Giuseppe Siri, “os documentos do Concílio devem ser lidos de joelhos”.

Permitam-me uma palavra final sobre Dom Marcel Lefebvre, hoje apresentado por alguns como um santo, um herói, um combatente do bom combate pela verdade contra o modernismo dos Pontífices... Não o julgo e espero realmente que esteja no Céu, apesar da excomunhão. Mas um católico não pode apresentá-lo como um exemplo de santidade. Se Lefebvre era um santo, em 1988, tinha dito ao Senhor: “Meu Deus, eu fiz tudo que podia para salvar a autêntica Tradição que eu considero em perigo, e lutar por aquilo que acredito ser uma separação assustadora da verdadeira liturgia Católica. Agora estou diante de um dilema. Desobedecendo ao Papa para garantir a continuidade da Sociedade de São Pio X, consagrar novos bispos, ou aceitar o convite e deixar perder-se....” Aqui é um santo (como o Padre Pio, o santo de Pietrelcina) nunca teria desobedecido o Papa nunca teria quebrado a unidade da Igreja. Ele disse a Deus: “Eu confio em Ti. Se Tu quiseres continuar com este trabalho, agora tu tens que ir em frente, porque eu tenho feito tudo que era humanamente possível, mas agora eu não posso desobedecer o Seu Vigário”.

Ao dizer Feliz Natal novamente, gostaria de acrescentar que não restam dúvidas (que não necessariamente serão), e que partilho da opinião de Cañizares sobre a reforma pós-conciliar, que, creio, deve ser escrita a palavra final para os abusos litúrgicos, bem como para o problema da ausência de autoridade do episcopado, uma das principais causas do fracasso para corrigir os abusos. Não estou, em suma, pintando uma realidade rósea, porque não o é.

Mas devo expressar aqui mais uma vez, a falta de caridade e, às vezes, até mesmo desprezo que eu li em algumas reações. Há um debate que revela a existência de uma guerra entre cristãos que se devoram uns aos outros. E vou dizer o porquê de ter apenas me prendido aos chamados “tradicionalistas” e não aos chamados “modernistas”, que são muito mais. Bem, vejam, diante do exemplo de Bento XVI, os gestos de reconciliação, que pôs em prática frente ao mundo tradicionalista, seria de se esperar que, a partir deste próprio mundo, viesse o primeiro e principal apoio para aquele movimento litúrgico que o Papa (e não singularmente Ratzinger ou o “Papa” entre aspas, como às vezes eu vejo isso definido nos delírios sedevacantistas) acredita ser essencial para a Igreja hoje.

O Magistério da Igreja - disse o então arcebispo de Munique da Baviera, Joseph Ratzinger - defendeu a fé do povo simples, daqueles que não escrevem editoriais nos jornais, que não têm cátedras universitárias, que não publicam obras teológicas ou livros de sucesso, que não vão à TV. E na fé dos católicos simples sempre se soube que Ubi Petrus ibi Ecclesia.

Clique AQUI para ler o texto original, em italiano.

Fonte:http://www.salvemaliturgia.com/2011/02/liturgia-e-o-protestantismo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+salvem+%28Salvem+a+Liturgia!%29

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Católico e Espírita?

Espiritismo - Católico e Espírita? 

Caros leitores do Blog "Amado Salvador", este Texto foi Editado por Ismael Campos,esritor do Blog "Mãe de Deus" (http://sinalceleste.blogspot.com/); meus sinceros agredicemento por ele ter fornecido o material.

"Prezados leitores,

muitos católicos são enganados a respeito do Espiritismo achando que ser cristão e espírita é a mesma coisa e, ao freqüentar um centro espírita, acreditam que é até uma crença mais elevada, por ser muito caridosa...

Para conservarem a aparência de cristãos, os espíritas repetem as palavras de Jesus sobre a caridade... bem o erro não está na caridade mas na grande diferença doutrinária e na aceitação das verdades evangélicas ensinadas por Nosso Senhor Jesus Cristo. O Espírita tem Caridade mas não tem Fé nas verdades do Evangelho.

Iremos aqui desmascarar a doutrina espírita e explicar por que um católico jamais pode ser espírita e nem freqüentar sessões espíritas, nem mesmo por curiosidade. Iremos mostrar nas Sagradas Escrituras que Deus rejeita o espiritismo, não apenas rejeita, mas abomina e proíbe uma pessoa de ser espírita.

Para a cura dos nossos males físicos e espirituais, temos Jesus Vivo, Deus Verdadeiro, Presente na Eucaristia. Busquemos sempre a ajuda de Maria, que foi, e é o Sacrário Vivo de Jesus e é nossa Mãezinha, solícita em nos ajudar e é a Onipotência Suplicante junto ao Pai. “Deus que fez tudo, Ele mesmo se fez em Maria”.

“Nas horas de incerteza, vem, ó Mãe, nos ajudar. Que eu sinta confiança na paz do teu olhar.”

A leitura dentre outras que posto aqui sobre a falsa doutrina espírita é de autoria do professor Felipe Aquino, conhecido e respeitado no meio católico.

Em Jesus e Maria, paz e bem,
Ismael Campos






CATÓLICO E ESPÍRITA?

Prof. Felipe Aquino


O Concílio Vaticano II chamou os leigos a participarem ativamente da vida da Igreja. Através do Decreto Apostolicam Actuositatem pede:

"Grassando na nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos" (AA,6).

Em que pese a doutrina da Igreja, bem como a sua Tradição e o seu Magistério, mostrarem a radical incompatibilidade entre o Cristianismo e o espiritismo, muitos "católicos", fracos na fé e pouco conhecedores da doutrina, teimam em persistir neste sincretismo perigoso. Vão à missa e ao culto espírita, como se isto não fosse proibido pela fé católica.

É preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações) contradiz "frontalmente" a doutrina católica em muitos pontos, sendo, portanto, impossível a um católico ser também espírita.

Em 1953, os Bispos do Brasil disseram que o espiritismo é o desvio doutrinário "mais perigoso" para o país, uma vez que "nega não apenas uma ou outra verdade da nossa fé, mas todas elas, tendo, no entanto, a cautela de dizer-se cristão, de modo a deixar, a católicos menos avisados, a impressão erradíssima de ser possível conciliar catolicismo com espiritismo" (Espiritismo, orientação para os católicos, D.Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola, 5ªed, 1995, pag.11).

Muitas passagens da Bíblia comprovam o que está dito acima. A principal delas é a que está no livro do Deuteronômio:

"Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha [magia negra], nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feitichismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas..." (Deutr 18,9-13).

Essas palavras da Bíblia são muito claras e fortes e não deixam dúvida sobre a proibição "radical" de Deus a todas as formas de ocultismo e busca de poder ou de conhecimento fora da vontade de Deus. E isto é um perigo para a vida cristã, porque "contamina" a alma. Deus "abomina" aqueles que se dão a essas práticas, diz a Palavra de Deus. Abomina quer dizer, detesta, odeia, rejeita. Não consigo imaginar nada pior nesta vida do que uma pessoa ser abominável a Deus, por própria culpa.

O livro do Levítico traz a mesma condenação:

"Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles" (Lev 19,31).

Essa "contaminação" espiritual é perigosa para o cristão. Por se tratar de um pecado grave, essa prática o coloca sob a influência e dependência do mundo tenebroso dos demônios.

A primeira consequência para a pessoa que se dá a essas práticas proibidas, é um "esfriamento" espiritual. Começa a esfriar na fé, deixa a oração, os sacramentos, e torna-se fraco na fé, na esperança e na caridade, até, digamos, morrer espiritualmente.

Se você entra num ambiente espírita, de macumba, candomblé, etc., mesmo que seja apenas por curiosidade, "sem maldade", você está pecando e colocando-se sob o jugo do demônio. Neste assunto, é a "curiosidade" que leva muitos católicos ao pecado.

Sabemos que o demônio pode se fazer presente nesses ambientes, já que a Igreja nos garante que nenhum "espírito" dos mortos andam perambulando pelo mundo e, muito menos "baixando" em lugar algum. Os espíritos que baixam nesses "centros", se baixam, são certamente espíritos malignos.

Repete a Palavra de Deus, pelo livro do Levítico:

"Se alguém se dirigir aos espíritas ou aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei o meu rosto contra esse homem..." (Lev 20,6).

Por "adivinhos" devemos entender todas as formas de se buscar o conhecimento de realidades ocultas, conhecer o futuro, etc. Entre essas práticas estão, entre outras, a invocação dos mortos (necromancia), a leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomancia, consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc.

Uma verdade bíblica que todo católico precisa saber, é o que disse São Paulo aos coríntios:

"As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou quereis provocar a ira do Senhor?" (1 Cor 10,20-22).

Qual é o grande ensinamento que esta Palavra nos traz?

Que todo culto que se presta a uma entidade espiritual, é recebido ou por Deus ou por Satanás. Como os pagãos não prestam o seu culto a Deus, então, por exclusão, quem o recebe é o demônio. Daí podermos entender porque Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas pagãs já citadas. Neste caso, Deus é rejeitado, é traído. E daí podemos entender também porque o "ambiente" fica propício à presença e manifestação do Mal.

O Antigo Testamento está repleto da "fúria" de Deus para com o seu povo eleito, quando esse povo "prevaricava", isto é, praticava a idolatria. Nessas situações, Deus abandonava o seu povo nas mãos dos seus inimigos, que os vencia nos combates, e muitas vezes os escravizava. O socorro de Deus só chegava depois que o povo se arrependia do mal que praticara. Pela boca do profeta Jeremias o Senhor diz:

"Eu os condenarei pelos males que cometeram, por me haverem abandonado, ofertando incenso a outros deuses e adorando a obra de suas mãos" (Jer 1,16).

"Ó céus, plasmai, tremei de espanto e horror ...

Porque o meu povo cometeu uma grande perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retém a água" (Jer 2,11-13).

E o povo de Deus tinha plena consciência de que era a prática da idolatria que atraia sobre ele os castigos:

"Porque decretou o Senhor contra nós todos esses flagelos? Qual é o pecado, qual é o crime que cometemos contra o Senhor nosso Deus? Tu lhe dirás: É que vossos pais me abandonaram - oráculo do Senhor - para correr após outros deuses, rendendo-lhes um culto e diante deles se prosternando. E porque me abandonaram e deixaram de cumprir a minha lei, e porque vós mesmos fizestes pior que vossos pais, cada qual, sem me ouvir, obstinou-se em seguir as más tendências de seus corações. Assim, expulsar-vos-ei desta terra para vos lançar numa terra que não conhecestes, nem vós, nem vossos pais. Lá, dia e noite, rendereis culto aos deuses estranhos, porque eu não vos perdoarei" (Jer16,10-13).

Os Atos dos Apóstolos, escrito por S. Lucas, contam que S. Paulo expulsou um "espírito de adivinhação" de uma moça escrava que, com suas adivinhações dava muito lucro a seus senhores. Disse S. Paulo a esse espírito de adivinhação:

"Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela". "E na mesma hora saiu" (At 16,16-18).

É óbvio que S. Paulo não falara a um "fantasma" ou a algo inexistente, apelando para a autoridade do Nome de Jesus. São Paulo expulsou da escrava um demônio, um espírito de adivinhação que estava na moça e dava-lhe o poder de adivinhar.

Isso muitas vezes ocorre nos centros espíritas e nos terreiros de macumba. O demônio sabe se "transfigurar em anjo de luz" (II Cor 11,14), como nos alerta São Paulo. E muito católico desavisado cai nas suas armadilhas. Como ele é um anjo, embora decaído, conserva os seus poderes superiores aos nossos. Sua inteligência é muito mais perfeita que a dos homens. E ele faz também os seus "milagres". Para conferir isto com a Palavra de Deus, basta ler o que São Paulo fala na carta aos tessalonicenses:

"A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar" ( 2 Ts 2,9-10).

O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã:

1. Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser comprendido e explicado.
2. Nega a inspiração divina da Bíblia.
3. Nega o milagre.
4. Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
5. Nega a infalibilidade do Papa.
6. Nega a instituição divina da Igreja.
7. Nega a suficiência da Revelação.
8. Nega o mistério da Santíssima Trindade.
9. Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.
10. Nega a liberdade de Deus.
11. Nega a criação a partir do nada.
12. Nega a criação da alma humana por Deus.
13. Nega a criação do corpo humano.
14. Nega a união substancial entre o corpo e a alma.
15. Nega a espiritualidade da alma.
16. Nega a unidade do gênero humano.
17. Nega a existência dos anjos.
18. Nega a existência dos demônios.
19. Nega a divindade de Jesus.
20. Nega os milagres de Cristo.
21. Nega a humanidade de Cristo.
22. Nega os dogmas de Nossa Senhora (Imaculada Conceição, Virgindade perpétua, Assunção, Maternidade divina).
23. Nega nossa Redenção por Cristo (é o mais grave!).
24. Nega o pecado original.
25. Nega a graça divina.
26. Nega a possibilidade do perdão dos pecados.
27. Nega o valor da vida contemplativa e ascética.
28. Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
29. Nega o valor dos Sacramentos.
30. Nega a eficácia redentora do Batismo.
31. Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.
32. Nega o valor da Confissão.
33. Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
34. Nega a unicidade da vida terrestre.
35. Nega o juízo particular depois da morte.
36. Nega a existência do Purgatório.
37. Nega a existência do Céu.
38. Nega a existência do Inferno.
39. Nega a ressurreição da carne.
40. Nega o juízo final.

Apesar de tudo isso muitos continuam a proclamar que "o espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa..."

Na verdade é o "joio no meio do trigo" (Mt 13,28), que o inimigo semeou na messe do Senhor. Nada como o espiritismo nega tão radicalmente a doutrina católica.

Ouçamos, finalmente, a palavra oficial da nossa Mãe Igreja, que tão bem nos ensina através do Catecismo:

"Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõem "descobrir" o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia (leitura das mãos), a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão (bolas de cristais), o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus" (N° 2116).

"O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo" (N° 2117).

Os católicos que se deram a essas práticas condenadas pela Igreja podem e devem abandoná-las com urgência. Devem procurar um sacerdote, fazer uma confissão clara dos seus pecados e prometer a Deus nunca mais se dar a essas práticas.

É preciso também destruir todo material (livros, imagens, gravuras, vestes, etc.) usadas e consagradas nesses cultos.

O pecado dessas práticas é contra o primeiro mandamento da Lei de Deus: "Amar a Deus sobre todas as coisas". A gravidade está no fato da pessoa ir buscar poder, fama, dinheiro, consolação, etc., num lugar e numa prática não permitida por Deus e pela Igreja. Isto ofende a Deus.

Essas práticas eram usadas na Mesopotâmia antiga, no Egito, entre os povos de Canãa, enfim, entre os pagãos, e eram terminantemente proibidas por Deus ao seu povo.

Parece que hoje, grande parte do povo, volta ao paganismo e às suas práticas idolátricas. Isto nega o Cristianismo. A Igreja, como Mãe bondosa e cautelosa não quer que os seus filhos se percam."